Friday, August 25, 2006


UMA VERDADE INCONTESTÁVEL

É com grande satisfação que reproduzo em meu Blog esta fantástica e corajosa Palestra do Cacique Guaicaípuro Cuatemoc, perante a reunião dos Chefes de Estado da Comunidade Européia, em 8 de maio de 2002.

Esta carta extraordinária me foi enviada por dois amigos com o seguinte comentário: “A única palavra que me ocorre para descrever o que segue é “sublime” porque chamar-lhe “incrível” seria desconhecer a veracidade do que se diz e a irrefutabilidade do que se evoca.”

No texto, foram corrigidos alguns erros gramaticais e cálculos matemáticos, mas, foram preservados o estilo indígena e as imagens que ele evoca.

Com linguagem simples que foi transmitida em tradução simultânea para mais de uma centena de Chefes de Estado e dignatários da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Cuatemoc conseguiu inquietar a sua audiência quando disse:

“Aqui, pois eu, Guaicaípuro Cuatemoc vim encontrar aos que celebram o encontro. Aqui, pois, eu descendente, dos que povoaram a América faz quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram faz somente quinhentos anos.

Aqui pois nos encontramos todos. Sabemos o que somos e é o bastante.

O irmão aduaneiro europeu pediu papel visado para eu poder encontrar os que me descobriram. O irmão agiota europeu pede-me para pagar uma dívida a quem nunca autorizei a vender-me. O irmão das leis europeu explica-me que toda dívida se paga com juros ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.

Eu vou descobrindo.
Eu também posso reivindicar pagamentos e também juros.

Consta no Arquivo das Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e firma sobre firma, que somente entre o ano de 1503 e o ano de 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Saque? Eu não creio! Porque seria pensar que os irmãos cristãos, faltaram com o seu Sétimo Mandamento.

Espoliação? Proteja-me Tanatzin de imaginar que os europeus, como Caím, matam e negam o sangue de seu irmão!

Genocídio?

Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé das Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a extremistas como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o arranque do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos!

Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não somente a exigir a devolução imediata, senão a indenização por danos e prejuízos.

Eu, Guaicaípuro Cuatemoc, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais que o início de um plano “MARSHALLTESUMA”, para garantir a reconstrução da Europa bárbara, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outros logros superiores da civilização.

Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, podemos perguntar-nos: Os irmãos europeus tem feito um uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo “Fundo Indígena Americano Internacional? ”

Lamentamos dizer que não.

No estratégico, dilaceraram-no nas batalhas de Lepanto, em guerras invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, porém sem canal.

No financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus juros, quanto de tornar-se independentes dos ganhos fáceis, das matérias primas e da energia barata que é exportada e fornecida por todo o Terceiro Mundo.

Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reivindicar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos, que não nos rebaixaremos a cobrar aos nossos irmãos europeus as vís e sanguinárias taxas de 20 e até de 30 por cento de juros ao ano, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados mais o módico juro fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia dos juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, e que este valor com juros hoje deve corresponder a 80.000 trilhões de dólares.

Muito pesados são esses lingotes de ouro e prata. Quanto pesariam calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não tenha podido gerar riquezas suficientes para cancelar esses módicos juros, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demência e irracionalidade dos (pré?) supostos do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam aos Indígenas Americanos.

Porém sim, exigimos a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seu compromisso mediante uma rápida privatização ou reconversão da Europa, que permita entregá-la inteira, como pagamento da dívida histórica.”


Quando o Cacique Guaicaípuro Cuatemoc proferiu sua conferência diante da reunião de CHEFES DE ESTADO DA COMUNIDADE EUROPÉIA, não sabia que estava expondo uma TESE DE DIREITO INTERNACIONAL para determinar A VERDADEIRA DÍVIDA EXTERNA, agora somente resta que algum governo latino-americano ou alguma Instituição Mundial tenha suficiente coragem para fazer a reivindicação ante os Tribunais Internacionais.

Sendo a razão, a compaixão e a sabedoria quem deveriam definir a moralidade na administração dos negócios públicos e não a força, a violência e a submissão; eu pergunto a todos meus concidadãos do Mundo: Como não se indignar, sabendo que os europeus e os norte-americanos tenham gastado em armamentos e guerras, apenas durante o Século 20, um valor que hoje corresponderia a 25 trilhões de dólares legando às gerações atuais um mundo onde 4,8 bilhões de pessoas ainda sofrem todo tipo de carências, e entre elas, mais de 1,5 bilhões passam fome e carecem do mínimo imprescindível para sobreviver?

Como não se indignar com o roubo, a exploração e a carnificina que os europeus fizeram com os indígenas da América? Como não reconhecer os necessários e suficientes créditos econômicos e morais que estes povos têm com os europeus?

Porque os povos da Terra devem aceitar o domínio e a arrogância dos Governos dos Estados Unidos e da Inglaterra? Apenas pelo poder de suas forças armadas? Sabem os povos da Terra que em muito pouco tempo as pistolas, revólveres, fuzis, metralhadoras, canhões, mísseis, armas atômicas, nucleares, químicas e biológicas vão tornar-se obsoletas?

0 Comments:

Post a Comment

<< Home