Tuesday, August 22, 2006



A GORDURA DO BEM

Consumo de gordura na infância pode auxiliar na prevenção de problemas cardíacos

Por Marcelle Canfild

A modernidade trouxe muitos avanços, mas acabou impulsionando um estilo de vida que leva ao sedentarismo e à má alimentação, principalmente na infância. Escolher bem os alimentos que se põem à mesa é essencial para o crescimento e o desenvolvimento da criança, pois são pequenos detalhes no cardápio que podem garantir uma qualidade de vida e prevenir doenças. Mas como ensinar uma alimentação adequada em meio a tantas opções de guloseimas? A resposta pode iniciar-se logo na fase intra-uterina e nascente, com a escolha do tipo de gordura que a mãe e a criança irão consumir.

A gordura é essencial para o organismo, pois é um veículo de vitaminas e fonte de energia. Para a criança é muito importante a qualidade da gordura, principalmente para a formação e maturação do cérebro, retina e tecidos, além de fortalecer todo o desenvolvimento psico-motor no primeiro ano de vida.

É neste período que o consumo de gordura monoinsaturada, encontrada principalmente no azeite extra virgem, servirá para a membrana, controle do colesterol e mais tarde para produção de vários hormônios, entre eles o sexual. Para o cardiologista e nutrológo do Hospital do Coração, Dr. Daniel Magnoni, as crianças estão expostas a todos os tipos de alimentos, mas sempre vão optar pelo mais atrativo. "O papel da gordura na alimentação é garantir o aporte calórico e fornecer os ácidos graxos essenciais para um desenvolvimento saudável.

Cabe aos pais e familiares oferecer o que é nutritivo a fim de criar um hábito alimentar", comenta. Ainda segundo o médico, a prevenção de doenças cardíacas pode começar na infância com o consumo diário da gordura monoinsaturada, que deve ser de no mínimo 10% de 30% do valor calórico total. A gordura está presente no amendoim, avelã, nozes, castanha de caju, abacate e principalmente no azeite extra virgem. O alimento, rico em antioxidantes auxilia no combate aos radicais livres que circulam no organismo, além de ser capaz de reduzir o colesterol LDL (mau colesterol) e aumentar o HDL (bom colesterol), que protegem as artérias.

Outros alimentos que devem conter na cesta alimentar das crianças são as frutas, vegetais, grãos, produtos lácteos, peixe e legumes. "Hoje as crianças estão com doenças de adultos, hipertensão, colesterol, e até diabetes tipo 2, o que é preocupante, pois estas doenças estão co-relacionadas com a obesidade, que conseqüentemente é despertada pela má alimentação", diz Magnoni.

A malvada das gorduras - Os alimentos industrializados, produzidos com gordura trans, ou seja, gordura vegetal hidrogenada, são uma ameaça à saúde das crianças, pois seu consumo aumenta a taxa de LDL (colesterol ruim) e diminui cerca de 20% do HDL (colesterol bom). "Para se ter uma idéia os famosos salgadinhos contêm 2 gramas de gordura trans, já os cookies e a pipoca de microondas têm 2,5, o biscoito 1,5, a margarina e a batata frita 3, 5.

O campeão é o donuts com 4 gramas em apenas uma unidade. Estes alimentos atraem as crianças pelo paladar, mas as conseqüências do alto consumo podem ser desastrosas para a saúde", finaliza Dr. Daniel Magnoni.

Daniel Magnoni é cardiologista e responsável pelo serviço de terapia nutricional do Hospital do Coração de São Paulo. Mestre pela UNIFESP/EPM, faz parte da camara técnica de Nutrologia do Conselho Regional de Medicina - SP.

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